Homem e máquina, cada vez mais unidos


Pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon (EUA)
desenvolveram protótipo que permite que usuários possam
usar o próprio corpo como uma tela touch screen.

Novas tecnologias desenvolvidas em vários centros de pesquisa pelo mundo transformam corpos humanos em telas, teclados e fios condutores de dados


Larissa Veloso, de Estocolmo
 
Quando se fala sobre o futuro da tecnologia, muita gente pensa em robôs. Mas inúmeras pesquisas e invenções demonstram que não é preciso criar máquinas parecidas com os humanos para facilitar nossa interação com os computadores. Daqui a alguns anos, muitas das suas funcionalidades estarão integradas aos nossos próprios corpos.

Um dos melhores exemplos é o protótipo que está sendo chamado de OmniTouch. Desenvolvido por pesquisadores da Microsoft e da Universidade Carnegie Mellon (EUA), o dispositivo permite que uma tela sensível ao toque seja projetada em qualquer superfície, inclusive no corpo do usuário. Isso faz com que braços e mãos possam ser usados como tela, dispensando o uso de outros aparelhos (leia quadro). Com tecnologia semelhante ao Kinect – videogame que captura os movimentos do jogador –, o OmniTouch usa uma câmera para captar os movimentos dos dedos dos usuários, que são interpretados por um cérebro digital.

E não é só a tela que pode sumir. Botões e mouse já saíram de moda com a popularização dos tablets e smartphones com telas sensíveis ao toque. No futuro, escolher programas em um computador pode ficar tão natural quanto piscar os olhos. Na Suécia, a empresa Tobii já desenvolve dispositivos de eye tracking, sistema que viabiliza o controle de um mouse por meio de movimentos oculares. “Os olhos são uma ferramenta fantástica e um método muito eficiente de se apontar para algo. É muito mais rápido do que um mouse e muito mais intuitivo”, explica o CEO da empresa, Henrik Eskilsson.
 
O sistema tem duas aplicações principais em prática na Suécia. A primeira é a identificação do ponto preciso para onde um consumidor está olhando quando está em frente a uma gôndola com produtos no supermercado. De posse da informação, especialistas em marketing podem saber qual o ibope de suas embalagens e marcas. A segunda, talvez a mais importante, é possibilitar que pessoas com paralisia cerebral possam usar o computador para estudar, se comunicar e trabalhar. “Há cerca de cinco mil pessoas com dificuldades severas de fala e movimento que usam nossos sistemas ao redor do mundo”, afirma Eskilsson. A empresa trabalha agora em um protótipo de notebook para o público em geral, ainda sem previsão de lançamento.

Quem também está de olho – sem trocadilhos – nessa nova tecnologia é o Google. O gigante da internet lançou recentemente um vídeo sobre o que chama de “Project Glass”. As imagens revelam óculos que usariam a realidade aumentada e o eye tracking para permitir que o usuário visualize e acesse informações nas lentes do dispositivo. Seria como estar “vestindo” o seu próprio smartphone, praticamente 24 horas por dia. Outros objetos simples, como um anel, também poderiam esconder apetrechos tecnológicos. Um exemplo é o protótipo da “Two Finger Camera”, criado pelo designer Yeon Su Kim, que promete ao usuário o enquadramento de fotos utilizando apenas os dedos indicador e polegar.

Mas, se depender das empresas, a relação do corpo com a tecnologia poderá ser ainda mais íntima, a ponto de nossa própria pele substituir cabos e fazer o papel de transmissor de dados entre aparelhos. É nisso que apostam pesquisadores da Ericsson. A companhia desenvolveu um protótipo de caixas de som nas quais as mãos e os braços das pessoas servem de ponte para transmitir as músicas. As informações são enviadas pelo corpo da pessoa a dez megabits por segundo, o que, para o fabricante, não prejudica a saúde de quem usa o sistema.

De acordo com os especialistas, a aplicação desse princípio ainda pode ir além. “No futuro, poderíamos ter um aparelho no bolso e apenas tocar na porta de uma casa para transmitir dados sobre quem somos. Com base nessas informações, a entrada seria autorizada ou não”, explica o gerente de estratégia e inovação da Unidade de Produtos de Rádio da empresa sueca, Jan Hederen. O desenvolvimento ainda está na fase de experimentos e protótipos, mas as aplicações parecem promissoras. “Outra possibilidade é que poderemos nos comunicar com uma máquina apenas por meio dos movimentos das mãos. Hoje fazemos gestos para pegar coisas no espaço. Por que não utilizar o mesmo movimento para ‘agarrar’ links?”, completa Hederen. Prepare-se para as surpresas e maravilhas da era da imersão digital total.

Leia o artigo com vídeo aqui ou leia na biblioteca a revista IstoÉ, 9 maio 2012.
 
FONTE: IstoÉ,   Edição:  2217, 9 maio 2012
 
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