Estudos enfatizam controle de efeitos adversos da químio
Mariana Versolato
Enviada especial a chicago
Se antes o foco da luta contra o câncer era a sobrevivência dos pacientes, outro aspecto da oncologia está ganhando espaço: a busca por qualidade de vida durante e após o tratamento.
No encontro anual da ASCO (Sociedade Americana de Oncologia Clínica), que ocorre nesta semana em Chicago, especialistas discutiram como melhorar o controle dos efeitos colaterais da quimioterapia, como náusea e dor.
O oncologista americano Steven Grunberg, do Fletcher Allen Health Care, falou sobre as falhas de comunicação entre médicos e pacientes.
"Nem todos sabemos como os pacientes se sentem. Pesquisas mostram que eles têm mais efeitos colaterais do que seus cuidadores presumem."
Isso ocorre porque ambos querem limitar o número de medicações, porque o paciente não quer ficar reclamando o tempo todo e, o mais impressionante, porque alguns médicos acreditam que a náusea é um sinal de que o tratamento está funcionando, o que não é verdade, de acordo com Grunberg.
Outro estudo mostrou que o antipsicótico Zyprexa foi eficaz contra náuseas em pessoas que não respondem aos antieméticos usados para tratar esses sintomas.
Os efeitos indesejados ocorrem em cerca de 50% dos pacientes submetidos à químio. Náusea e vômito podem ser controlados, mas de 30% a 40% das pessoas sofrem com o problema mesmo com o uso da medicação.
Outra pesquisas apontou, pela primeira vez, que uma droga conseguiu reduzir a dor neuropática periférica decorrente do tratamento.
O remédio (duloxetina) é aprovado para depressão e dor neuropática em diabéticos e diminuiu as dores decorrentes da químio na maioria dos pacientes (59% contra 39% do grupo controle).
A dor atinge pés, mãos, braços e pernas e pode dificultar a execução de tarefas rotineiras. Cerca de 40% dos pacientes sentem esse efeito, que pode durar anos.
Terapias alternativas também têm sido testadas contra os efeitos colaterais do tratamento oncológico.
Segundo Rebecca Anne Clark-Snow, enfermeira da Universidade do Kansas, 88% dos pacientes oncológicos usam alternativas não medicamentosas, como dietas e práticas religiosas.
A enfermeira apresentou um estudo com 576 pacientes mostrando que cápsulas de gengibre são mais eficazes que placebo contra náusea.
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"Há uma dificuldade em colocar esse tipo de terapia na prática clínica porque faltam evidências robustas", diz o oncologista Ulisses Nicolau, do Hospital A.C. Camargo.
FONTE: Folha.com, 6/06/2012
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