Pesquisa multinacional
Por Heitor Shimizu
Agência FAPESP – Nenhum país pode mais se dar ao luxo de fazer ciência
sozinho, nem mesmo aqueles que há muitos anos estão entre as maiores economias
do mundo, como Estados Unidos ou Japão. Para Michiharu Nakamura, presidente da
Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia (JST), as colaborações internacionais
são cada vez mais importantes e necessárias para o desenvolvimento científico e
tecnológico.
Em busca de potenciais parcerias para o intercâmbio científico, Nakamura
chefiou uma delegação que visitou a FAPESP, o Instituto Butantan, a Universidade
de São Paulo, o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron e outras instituições no
Estado de São Paulo de 15 a 17 de julho.
“Pesquisa é uma atividade que demanda muito tempo e risco. Nem sempre dá os
resultados esperados ou mesmo um resultado significativo. Os países têm que se
unir para fazer pesquisa conjuntamente e é esse um de nossos principais
objetivos na JST: a criação de um ecossistema global de inovação. Queremos
globalizar a P&D (pesquisa e desenvolvimento)”, disse Nakamura.
“No Japão, temos um número elevado de pesquisadores de alto nível, mas, ainda
que alto, é um número insuficiente. Além disso, consideramos fundamental a
‘circulação de cérebros’ e a construção de redes profissionais, por isso
encorajamos os cientistas japoneses a trabalhar em conjunto com colegas de
outros países”, disse.
“O Brasil é um país muito importante para o Japão. É também, apesar da
distância geográfica, um país muito próximo, por conta da emigração de japoneses
para o Brasil no século 20 e das relações históricas entre os países. Temos
programas de pesquisa em conjunto com o CNPq [Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico] e, desta vez, viemos ao país para
conhecer melhor o sistema de ciência, tecnologia e inovação em São Paulo em
busca de potenciais parcerias”, destacou.
Nakamura explicou que, além das cooperações bilaterais, a JST passou
recentemente a apoiar programas de pesquisa multilaterais – com o envolvimento
de pesquisadores de três ou mais países.
“Um exemplo é o programa e-ASIA, que reunirá 18 países para lidar com questões
globais como mudanças climáticas, doenças infecciosas, nanotecnologia e outras.
Também vamos participar do Belmont
Forum, no qual estaremos juntos com a FAPESP."
A JST é uma agência de fomento à pesquisa científica e tecnológica do governo
japonês estabelecida em 1996 a partir da fusão do Centro de Informação em
Ciência e Tecnologia do Japão (JICST), criado em 1957, com a Corporação de
Desenvolvimento da Pesquisa no Japão (JRDC), de 1961.
(...)
A JST financia projetos em todas as áreas científicas e tecnológicas. Um dos
exemplos dos projetos financiados pela JST é a pesquisa liderada pelo professor
Shinya Yamanaka, da Universidade de Kyoto. Yamanaka e equipe conseguiram gerar
células-tronco pluripotentes induzidas com características que, até então, só
eram possíveis de serem obtidas em células-tronco embrionárias. Pela descoberta,
o cientista ganhou o Nobel de Medicina de 2012.
(...)
Educação e comunicação
A JST tem na comunicação da ciência um de seus pilares, investindo cerca de
7% do orçamento anual da agência em programas de apoio à divulgação e educação
científica.
Entre as iniciativas da JST para promover a comunicação
científica, destacam-se o Science Channel (http://sc-smn.jst.go.jp), plataforma que oferece mais de
3,9 mil vídeos sobre ciência, na forma de reportagens, entrevistas,
documentários ou desenhos animados.
Outra iniciativa de sucesso da JST em comunicação científica é o Miraikan,
museu fundado em 2001 que recebe cerca de 1 milhão de visitantes por ano. No
lugar de guias, o Miraikan conta com dezenas de comunicadores científicos, todos
pesquisadores de diferentes áreas, que conversam com o público sobre as
atrações.
A maior atração do Miraikan é o Tsunagari, instalação cuja principal parte é
o Geo-Cosmos, globo terrestre de 6 metros de diâmetro formado por 10.362 painéis
de LEDs orgânicos quadrados com 96 milímetros de lado cada um. O Geo-Cosmos
exibe imagens e dados colhidos por satélites que, juntos, compõem a superfície e
a atmosfera do planeta. O resultado é uma Terra virtual que muda a cada minuto.
(...)
Leia a matéria completa aqui.
FONTE: Agência FAPESP, 9/08/2013
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