Um livro para mudar vidas


Cadeirante desde os 19 anos, Juliana Carvalho, 28 anos, publicitária, lançou  este ano o livro Na Minha Cadeira ou na Tua?, sobre sua experiência desde que uma inflamação de medula (mielite transversa por lúpus) a paralisou da cintura para baixo. Em entrevista ao caderno Vida de Zero Hora, do dia 9 de outubro, ela falou sobre a repercussão e o estigma que os portadores de deficiência ainda têm de suportar no país.

- O livro é como se fosse um diário. O capítulo antes da lesão eu narro no presente. O depois, no passado, pois não posso viver do passado. Terminha no futuro, o futuro que eu quero - conta a autora.

Zero Hora - Como está a repercussão do seu livro?
Juliana Carvalho - Tenho até fãs. Me acham no Orkut. Tem pessoas que me mandam presentes pelo correio. No meu aniversário, dia 3, recebi um cartão, figurinhas e um colarzinho. Várias pessoas me escrevem.

ZH - O que elas te dizem?
Juliana - "Tu mudaste a minha vida".

ZH - Em que o livro ajuda as pessoas que passam pelo mesmo problema que você?
Juliana - O processo de recomeçar a viver eu já passei. Um mês depois da lesão, voltei a estudar e a trabalhar. Muita gente não consegue isso, fica meses, anos sem fazer isso.

ZH - Por que não conseguem?
Juliana - Porque se deixam abater. Acho que comigo foi diferente porque não tive aquela conversa com o médico: "Tu vais ficar de cadeiras de rodas". Eu não sabia o que estava acontecendo. Começou um formigamento na perna, e não parava. Aí, em 48 horas eu estava tetraplégica. Depois voltaram os movimentos dos braços.

ZH - O que foi o mais difícil?
Juliana - O sexo. Levei cinco anos para voltar a transar.

ZH - Como é?
Juliana - Eu sei o que eu sentia quando alguém tocava a minha pele. Está tudo no cérebro.

ZH - Hoje ainda há muito preconceito em relação a pessoas com deficiência. Por que isso ocorre?
Juliana - Para acabar com esse estigma, é preciso convivência. O preconceito é falta de informação. As pessoas não sabem como lidar, têm medo.

ZH - Você tem esperança de voltar a andar?
Juliana - A grande aposta é a terapia celular. Vai rolar. É questão de tempo.



Fonte: Zero Hora, 9 de outubro de 2010. Vida, p. 3.  


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