FAO lança campanha mundial para combater a fome e a obesidade

 

Mulheres obesas na Cidade do México, no dia 20 de maio.
Obesidade no país subiu de 9,5% em 1988 para 32% em 2012.
Se for considerado o excesso de peso, número chega a 70%
(Foto: Ronaldo Schemidt/AFP)



Órgão da ONU quer contribuir para erradicar a má nutrição no planeta.
Desnutrição caiu quase pela metade em 20 anos; sobrepeso quase dobrou.

                A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) lançou na terça-feira (4), em Roma, uma campanha mundial para erradicar a má nutrição, que provoca carências alimentares, mas também obesidade, um desafio para muitos países atualmente.

               Se 12,5% da população mundial (868 milhões de pessoas) continuar ingerindo uma quantidade inadequada de calorias em suas porções diárias, a quantidade de "malnutridos" chegará a 2 bilhões de pessoas, com uma ou mais carência de micronutrientes (vitaminas e minerais), indicaram os especialistas da FAO.
               Baseando-se nesse cálculo, a desnutrição atinge 26% das crianças que apresentam um retardo no crescimento, enquanto 1,4 bilhão de pessoas têm excesso de peso – incluindo 500 milhões de obesos.
               "A maioria dos países é afetada por vários tipos de má nutrição, que podem coexistir em escala nacional, doméstica ou individual", indica a FAO em seu relatório anual "A situação da alimentação e da agricultura – Os sistemas alimentares a serviço de uma melhor nutrição".
               Esse é particularmente o caso de grandes países emergentes, como Brasil e China, onde o excesso de peso é um problema de saúde pública que acompanha a urbanização e o aumento da renda.
              Segundo a entidade internacional, o custo da má nutrição para a economia mundial em perda de produtividade e gastos com saúde é "inaceitavelmente" elevado e poderia alcançar até 5% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial: US$ 3,5 bilhões (R$ 7,4 bilhões), o equivalente a US$ 500 (R$ 1.060) por pessoa.
              Para muitos países da América Latina, é possível eliminar a fome, para que a população obtenha a quantidade suficiente de calorias, mas é mais difícil melhorar a nutrição.
             Algumas organizações alertam que a desnutrição da mãe e da criança continua sendo, "de longe", a principal preocupação mundial, por "representar duas vezes mais em custos sociais que o sobrepeso e a obesidade em adultos".
             Mas a desnutrição "caiu quase pela metade nos últimos 20 anos, enquanto o sobrepeso e a obesidade quase dobraram".
            Durante a Jornada Mundial da Alimentação em Roma, em outubro do ano passado, o relator especial da ONU sobre o direito à alimentação, Olivier De Schutter, fez um apelo por mais atenção sobre o deficit de elementos essenciais para o desenvolvimento físico e psicológico das crianças, "como iodo, ferro e vitaminas".
            Quando os preços das commodities sobem, como no ano passado, por causa da seca nos Estados Unidos, os mais pobres reduzem o consumo.
            "Eles não só fazem menos refeições, como também sua alimentação passa a ser menos diversificada. Essa ameaça não é vista como uma prioridade", declarou na época.
             Essa abordagem foi contestada nas considerações dos "desnutridos": para países africanos onde o número de pessoas que passam fome continua aumentando (238 milhões no continente, um aumento de 36,8% na última década), o interesse nos "problemas dos ricos", superalimentados a seus olhos, deve ser mínimo.
             É necessário, portanto, "abordar essas questões, para evitar ou reverter a tendência recente" ao excesso de peso.
             A FAO recomenda investir em ciências agrárias e pesquisas para melhorar a nutrição e promover o consumo de frutas, verduras e legumes. O essencial é garantir não apenas "o suficiente" para comer, mas também "a disponibilidade de alimentos seguros, variados e nutritivos".
           "Uma dieta saudável e uma boa nutrição começam com a agricultura. Nossa maneira de cultivar, processar, transportar e distribuir alimentos influencia o que comemos", disse em mensagem o diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva.

Acesse: 

The State of Food and Agriculture (SOFA) 2013











FONTE: Bem Estar, 4/06/2013

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